domingo, 19 de abril de 2009

NATUREZA EM PERIGO OUTRA VEZ

Quando postei o primeiro comentário, para este blog, sobre o fenômeno da inversão térmica, acabei citando a maré vermelha e seus danosos efeitos no litoral de Saubara e adjacência. À época, o Conselho de Recursos Ambientais (atual Instituto de Meio Ambiente) declarou, oficialmente, que a mortandade de peixes, em grande proporção, teve causa natural. A mãe natureza, desta vez, não teve culpa pelo derramamento de óleo que atingiu a praia de Coqueiro Grande, em São Francisco do Conde, até a de Caípe, divisa entre Madre de Deus. Foi culpa dos homens que trabalham na Refinaria Landulpho Alves.
A imprensa local noticiou que a ocorrência do vazamento se deu no dia 15. Por enquanto, desconhecemos a extensão dos danos ambientais. Pelo menos, o IMA se pronunciou e disse ter ocorrido infração ambiental gravíssima. Não precisamos ser Sherlock Holmes para deduzir isto: iminentes riscos à saúde humana e à vida marinha daquele entorno. Vamos acompanhar o andamento dos trabalhos de remediação e a devida responsabilização judicial da refinaria pela agressão química à natureza.
Até lá, pescadores e marisqueiras ficam a ver navios. Sem o peixe de cada dia ou mesmo os mariscos da época, como sobreviver? Por incrível que pareça, as nossas colônias de pescas ainda contam com estrutura artesanal de trabalho e quase nenhuma modernização dos equipamentos. Uma indagação aos senhores técnicos: como explicar a ocorrência desses acidentes haja vista os equipamentos de ponta e a especialização da mão-de-obra?
Gonzagão, em um prenúncio musical, já alertara em seu Xote ecológico (1989): “O peixe que é do mar?/ Poluição comeu”.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

ESQUECIDOS ATÉ NA MORTE

Ao nos depararmos com o falecimento de pessoa querida, desejamos a ela um descanso em paz. Mas não é isso que aconteceu a treze corpos “esquecidos”, desde 2006, no Hospital Municipal Lourenço Jorge, localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. De acordo com o site do G1, há corpos sem identificação e outros ignorados pelas famílias. A direção do hospital e os juízes da 6.ª Zona de Registro Civil se reuniram hoje a fim de providenciarem a liberação judicial para os cadáveres.
Isso é o cúmulo do absurdo!
Se nos atentarmos para o quadro, temos a sensação de estar em um beco sem saída. Ou somos vítimas dos papa-defuntos, investindo contra os bolsos dos familiares, ou ficamos à mercê dos rituais hospitalares e cartorários. Há muito que a morte se tornou um evento rentável e, ao mesmo tempo, banalizado. A despeito do ritmo frenético em que vivemos, fujo desse olhar descartável para quem se foi e vou ao encontro da introspecção.
Minhas antenas não conseguiram captar o porquê da omissão familiar em não reclamar alguns corpos. Até os criminosos são assistidos por seus entes queridos, na última hora. Seria uma possível extorsão praticada por alguns funcionários do hospital contra alguns familiares (carentes)? Ou os cadáveres seriam desviados, pelas brechas da lei, para fins de experimentos por algum magarefe?... Tantas conjecturas e nenhum sentimento.